Ocorridos em Fortaleza

Posicionamento da ANATORG sobre os acontecimentos em Fortaleza-CE.

Tendo em vista o recente acontecimento no estádio Castelão, onde aconteceu um lamentável conflito entre duas torcidas do mesmo time (Fortaleza), a ANATORG expõe alguns pontos de vista.

Aos torcedores envolvidos no conflito: não julgamos o tamanho do amor pelo seu clube e muito menos pela sua torcida, mas deixamos os seguintes questionamentos: onde ficam os ideais que os levaram ao estádio? Até onde existe comprometimento e principalmente amor para vestir a camisa tricolor?

Com apenas alguns minutos identificamos várias razões para se colocar qualquer tipo de opinião abaixo do que representa a liberdade de fazer festa, sem contar a responsabilidade de envolver terceiros e não menos apaixonados, nas consequências das ações praticadas.

Desses grupos, nos quais fazemos parte como torcedor organizado, solicitamos um profunda reflexão e calma para avaliar futuras ações e até onde vai a defesa de questionáveis pontos de vista por orgulho.

Brilhantemente, o professor Maurício Murad cita em suas colocações “quem pune o coletivo, não pune ninguém”. Partindo desse ponto de vista, certas punições parecem para nós apenas “satisfação para a sociedade”.

Mecanismo de se resolver de forma global algo muito pontual, particular. Já estamos cansados de sofrer no plural algo que na maioria das vezes não nos diz respeito. Entendemos que o Estatuto do Torcedor declara que a torcida organizada responde civilmente pelos atos dos seus, mas que na prática não é bem assim.

Por quê?

Porque as vezes percebemos que a culpa é dividida.

No que nos diz respeito: falta comando, liderança e até a má vontade de se evitar certas ações.

Mas…

Onde está a capacidade técnica dos responsáveis da lei que cuidam ou querem cuidar do futebol?

Onde entra a investigação criminal, a habilidade de apuração e individualização da conduta. O Intercâmbio de informações, a prevenção de riscos no planejamento do jogo, o diálogo com as torcidas validando suas informações e expertise das lideranças?

No nosso país, convivemos diariamente com noticias de impunidade. Seja ela por conhecimentos e “padrinhos” , seja ela por incapacidade das leis e dos que as aplicam. Não se consegue, por muitas vezes dentro dos casos, ter habilidade e capacidade para reconhecer o torcedor de bem e se permitir não o punir. Ao se generalizar e noticiar o nome da instituição como punida, não só se comete um ato covarde mas também injustiça com sua imagem e sua história.

Deveria sim, envolver as as instituições de torcida em trabalho apoiado pelo Governo e fazer dela mais uma forma de suprir as tantas faltas constitucionais que os jovens deveriam ter em cultura, lazer, esporte e outras atividades sadias.

Por fim e não menos importante, solicitamos aos detentores das “canetas da justiça”, um melhor cuidado com o jovem simples e carente que usa o futebol para se divertir, torcer e ter alegrias. Talvez a torcida possa ser sua única saída.

Ao travestido de torcedor, desejamos o poder da lei.

Atenciosamente,

Associação Nacional das Torcidas Organizadas.

Fale conosco, não sobre nós.