Quando falamos de torcidas organizadas, a primeira coisa que nos vem a cabeça infelizmente é violência, mortes, marginais, desocupados e outros adjetivos. Ao menos é isso que todos querem induzir a pensar.
Festas, ações sociais, consciência social , carnaval e outros tipos de ações positivas soam como um nada na casa de todo cidadão.
Temos hoje um segmento social com quase dois milhões de pessoas (sem contar o alcance indireto ) e fico apenas pensando onde as pessoas entendem que nessa quantidade de gente teríamos um comportamento diferente da nossa sociedade brasileira, onde convivemos com violência no nosso dia a dia e em todas as esferas extra-futebol.
Escutamos que as pessoas não vão mais aos estádios devido à violência e para essas pessoas nós dizemos: por favor, não vá mais à praia no domingo e nem a bares à noite, pois lá também está constatado que é tão ou mais perigoso do que ir ao futebol.
Vemos rankings da televisão colocando que o principal motivo da ausência do torcedor é a violência nos estádios, mas alguém saberia nos dizer qual seria o segundo motivo? Não! A razão todos sabem: é uma coisa manipulada, em que não querem que se abram discussões sobre valores de ingressos, horários de jogos, falta de transporte, corrupção dos engravatados de confederações e dirigentes de clubes.
Ou seja, são fontes intermináveis de problemas no futebol, mas o bode expiatório de tudo isso somos nós, os torcedores organizados. E por falta de conhecimento a sociedade compra essa ideia.
O que é engraçado nessa história toda é que quando há promoção de ingressos, os estádios enchem e por um momento a violência no futebol deixa de existir. Isso já abre ao menos um ponto para reflexão.
Pensando em tudo isso da forma que somos usados e marginalizados, nós os torcedores organizadois acordamos e entendemos que o que muitos não queriam agora vai acontecer.
Tenham medo sim, pois vamos mostrar que o real problema do futebol vai além das torcidas. Com muita conversa e dialogo vamos fazer isso juntos.
Não prometemos o fim das brigas e das mortes, pois isso é um serviço do Estado também – e não apenas nosso -, já que segurança publica e educação são coisas raras e que afetam o nosso segmento e não somos nós que vamos erradicar tal problema nas torcidas organizadas.
Porém, vamos trabalhar e articular sim com a responsabilidade a nós exercida, na tentativa da diminuição de tais problemas.
Às autoridades que induzem as nossas brigas para que não aja a interlocução entre as torcidas dizemos que isso não será o suficiente para nos parar.
E é com orgulho que informamos oficialmente que fundamos no dia 13/12/2014 a ASSOCIAÇÃO NACIONAL DAS TORCIDAS ORGANIZADAS com o intuito de trabalhar em prol desse segmento abandonado pelos governantes e pela sociedade Brasileira.
Seguindo um conceito do movimento ultras que vem da Alemanha fica aqui o nosso recado: “FALE CONOSCO E NÃO SOBRE NÓS”!
André Azevedo, presidente da ANATORG (dezembro/2014 a março/2018)
13 de dezembro de 2014